quinta-feira, 1 de maio de 2014

De volta a Santos

Era feriado prolongado de Páscoa. Sexta feira, dia 18 de abril. A previsão indicava baixa ondulação (1,3 a 1,0 metro), pouco vento, média de 6 nós com máxima de 9 nós, e sem ocorrência chuva.

Abastecemos os galões de diesel e de gasolina. A gasolina era para o motor de popa, que seria utilizado como contingência ao motor principal.

A distância entre Cananéia e Santos é de 120 milhas náuticas. A estimativa de duração era de 24 horas em condições favoráveis e até 40 horas em caso de vento nordeste (vento contra) que é exatamente o vento predominante neste trecho.

Eram 10 horas da manhã quando nos despedimos da Regina e dos meninos, do Jânio e do pessoal do Centro Náutico de Cananéia, que sempre nos recepciona muito bem.

Fazia parte da tripulação eu e Renato Rojo, velejador e amigo. Renato havia participado a bordo do Jazz 4 de várias regatas em Santos e da Aratu-Maragojipe. Ele estava presente, também, três semanas atrás na tentativa de navegação à Santos quando tivemos de voltar devido à rachadura na mangueira do motor.

 Despedida - Centro Náutico de Cananéia.
 Canal de Cananéia.
 Canal de Cananéia - vista da cidade ao fundo.

A Barra de Cananéia estava com pouca ondulação. No trecho mais crítico, na boca da barra, onde é mais raso, chegou a formar grandes vergalhões em uma série de ondulações. No momento que passamos somente uma onda "empinou". Estava mais tranquila que da passagem há três semanas atrás.

O caminho entre Cananéia e Santos não possui qualquer abrigo ou apoio para veleiros. Por este motivo, optamos por utilizar o motor em uma rotação baixa (1.800 rpm) a fim de minimizar problemas.

O vento estava nordeste em cerca de 8 nós e foi aumentando durante a tarde. A ondulação vinha na mesma direção. Testamos navegar na direção ideal (nordeste) somente com motor, mas fazíamos somente 2,5 nós. Por isso optamos em velejar em orça apertada junto com motor, fazendo 4,5 nós.

Para o almoço fiz arroz com salada de atum (alface, agrião, legumes em conserva, milho em conserva, azeitonas, palmito, cebola e atum, regada no azeite).

 Navegação após a passagem pela Barra de Cananéia.

À noite, o vento e a ondulação nordeste aumentaram. Fomos obrigados a rizar a mestra no segundo rizo para diminuir o adernamento e garantir uma navegação segura caso o vento aumentasse ainda mais. A janta foi arroz, linguiça e salada (sobra do almoço).

A partir da meia noite implementamos os turnos. Fiquei até pouco mais das 2 da manhã. Depois Renato até o amanhecer. No meu turno a lua nasceu formosa, era lua cheia que iluminou todo o mar.

A partir da meia noite o vento começou a diminuir. Duas horas depois ficou bem fraco a ponto de permitir a navegação com motor no rumo ideal (nordeste) a 3,5 nós. De manhã, com o mar mais liso, o rendimento era de 3,8 nós. Ligamos o motor de popa junto e acrescentou 1 nó, fazendo 4,8  nós.

Durante a noite avistamos poucos pescadores, cerca de três embarcações somente.

 Nascer da lua cheia.

Pouco antes do meio dia o vento passou a soprar de sudeste. Abrimos a genoa novamente e, com vela e motor, fazíamos cerca de 5 nós. Nosso almoço foi arroz e bacalhau com batatas (pré-cozidos) acrescido de cebola, azeitonas e palmito, tudo regado ao azeite. Para as travessias, produtos pré-cozidos embalados a vácuo e sem necessidade de refrigeração, como o bacalhau com batatas, são uma excelente opção.

 Nascer do sol.
 Canto do Forte (Praia Grande).
 Baia de Santos - vista de São Vicente.
Baia de Santos - vista da Ponta da Praia (Santos).

Chegamos ao Clube Internacional de Regatas por volta das 4 horas da tarde. Foram 30 horas de navegação tranquila e com um único problema com o veleiro, o carrinho do traveller da mestra que trincou e começou a sair do trilho. Fixamos o carrinho com um cabo no centro do trilho, o que não afetou em nada o desempenho.

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