terça-feira, 20 de maio de 2014

Dragagem da docagem do SAIPEM

Na saída com o veleiro Jazz 4 do Clube Internacional de Regatas (CIR) para participar da regata na Baía de Santos pude observar de perto as atividades de recuo e dragagem das docas do SAIPEM (CING do Guarujá). Nestas docas ficarão ancoradas os supply boats (embarcações de suprimento) da SAIPEM para que dão apoio às atividades de gás e petróleo do pré-sal. O principal produto movimentado pelos supply boats serão dutos de gás e petróleo.

No local está sendo retirado aproximadamente 50 metros da área de terra da docagem do lado do Canal do Porto de Santos para que as embarcações possam ficar atracadas de modo a não interferir no tráfego de navios pelo Canal. Toda a área de docagem também está sendo dragada para aumentar a profundidade.

Pelo menos, a saída do canal ao lado do CIR será desassoreada. Olhando esta cena fica difícil entender porque é tão complicado obter autorização para dragar a piscinas do CIR e porque uma simples restauração de uma rampa de descida de monotipos foi embargada.

Veja as fotos e o vídeo da dragagem.

Clube Internacional de Regatas - Sede náutica no Guarujá.
Barra do canal de acesso ao Clube Internacional de Regas.
Dragagem da docagem do SAIPEM.
Dragagem da docagem do SAIPEM.

Vídeo da dragagem do SAIPEM.

Tripulação do veleiro Jazz 4 partindo para a regata.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Cuidado no uso GPS em tablets e smartpones

Era sábado, dia 24 de janeiro de 2014. Tínhamos chegado em Paranaguá proveniente da Vila das Peças para desembarcar alguns tripulantes. Ficamos ancorados em frente à Capitania dos Portos aguardando passar a forte chuva para prosseguir navegação até Antonina (veja relato completo no post Passeio à Vila das Peças).

Precisávamos de um mínimo de visibilidade para navegar pelo canal sinuoso de acesso à cidade de Paranaguá para avistar as embarcações e as boias de sinalização. Depois da meia noite, a chuva diminuiu um pouco e resolvemos partir. Tínhamos o auxílio de um profundímetro e de dois GPS plotters: um Garmin localizado no salão interno e um portátil Navionics iPad que utilizávamos no convés.

A saída pelo canal de Paranaguá deve ser realizada com cuidado, devido ao canal sinuoso e com baixo calado em alguns pontos. Eu estava no leme e utilizava o Naviônics enquanto o restante da tripulação (João e Mosquito) observava as boias e embarcações externas.

Em certo momento, ainda na parte inicial da navegação pelo canal, as informações vindas do profundímetro, do pessoal externo e do GPS pareciam desencontradas. Isso durou alguns minutos até que o GPS indicava para uma rota notadamente indevida pela observação e pelo profundímetro. Diminui mais ainda a velocidade e dei prioridade para a informação visual.

Depois disso foi que percebi que o Navionics estava com as informações congeladas. Pedi para outro tripulante ficar no leme e desci no salão para acompanhar pelo outro GPS.

Não sei exatamente o que ocorreu, se o aplicativo tinha congelado momentaneamente ou se havia falta de sinal do GPS, que fazia com que o avanço do mapa não ocorresse. Não percebi nenhuma mensagem sobre falta de sinal no aplicativo, mas acho que foi isso que ocorreu.

Assim, segue o alerta de cuidado com o uso de equipamentos móveis com GPS, já que sua sensibilidade e precisão não são idênticos aos equipamentos construídos exclusivamente para este fim.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Que banho de chuva !

Fazia muito tempo, muito tempo mesmo que não sentia esta sensação. 

Era um final de semana de março, estava em Cananéia para "cuidar" do veleiro. Ele estava ancorado no canal, em frente ao Centro Náutico de Cananéia. Existia a previsão de passagem de uma frente fria no sábado. Por volta das 4 horas da tarde começou um vento forte. Em seguida começou a chover. Eu estava dentro da cabine quando senti um balanço forte. Subi rapidamente ao convés para verificar a ancoragem: constatei que o cabo estava frouxo. Olhei ao redor e não parecia que o veleiro se movimentava. Comecei a puxar o cabo até que firmou; a âncora estava firme. O que ocorreu foi uma curiosa composição de forças, a forte maré fazendo força para um lado e o vento para a direção exatamente oposta e com a mesma intensidade, fazendo o veleiro ficar neutro. Isso durou alguns minutos. Esta situação de neutralidade eu nunca havia presenciado. Imagino que o balanço tenha ocorrido no momento que o cabo afrouxou com a entrada do vento. 

Felizmente, tenho um conjunto eficiente para ancoragem: âncora bruce de 10 Kg, 10 metros de corrente 9 mm) e cabo. Mas fiquei em alerta pois, nesta situação de composição de forças, muitas vezes o cabo da âncora fica alinhado em uma direção e o veleiro, pela força do vento, alinhado em outra direção, podendo fazer um ângulo menor que 90º entre o alinhamento do cabo da ancoragem e o alinhamento do veleiro. Como o cabo é leve, ele não desce verticalmente ao fundo, fica esticado na diagonal até o início da corrente.

Continuava a ventar e chover forte. Desci para o bote e me preparei para intervir caso o vento fizesse o veleiro "rodar" sobre o cabo da âncora. Foi o que aconteceu. O vento rodou o veleiro fazendo com que a quilha encostasse no cabo da âncora, forçando-a lateralmente para o ponto de alinhamento. Isso pode gerar uma carga excessiva sobre o conjunto cabo/corrente, fazendo-o esticar e levantar a âncora

Utilizei então a técnica tradicional: com o bote empurrei a proa do veleiro de forma a faze-lo rodar no outra sentido. 

O vento e a chuva continuava, eu estava todo molhado. Não estava com roupa de tempo. Mas apesar de todo o perrengue passado, era uma sensação muito gostosa. A natureza me tocando com seus elementos primitivos: vento, chuva e frio. Fazia muito tempo que não tomava um bom banho de chuva. Já havia me esquecido como isso pode ser bom!

O bom de velejar é isso, o contato direto com a natureza. Na travessia que realizei posteriormente de Cananéia a Santos, presenciei alguns presentes da natureza que não são mais comuns para nós que moramos em uma cidade grande: estrelas que brilham de forma espetacular em alto mar livre das luzes da cidade; uma incrível lua cheia nascendo no horizonte e um lindo nascer do sol.

Quanto tempo você não toma um banho de chuva?

De Cananéia a Santos - um lindo nascer do sol .
De Cananéia a Santos - lua cheia nascendo no horizonte.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

De volta a Santos

Era feriado prolongado de Páscoa. Sexta feira, dia 18 de abril. A previsão indicava baixa ondulação (1,3 a 1,0 metro), pouco vento, média de 6 nós com máxima de 9 nós, e sem ocorrência chuva.

Abastecemos os galões de diesel e de gasolina. A gasolina era para o motor de popa, que seria utilizado como contingência ao motor principal.

A distância entre Cananéia e Santos é de 120 milhas náuticas. A estimativa de duração era de 24 horas em condições favoráveis e até 40 horas em caso de vento nordeste (vento contra) que é exatamente o vento predominante neste trecho.

Eram 10 horas da manhã quando nos despedimos da Regina e dos meninos, do Jânio e do pessoal do Centro Náutico de Cananéia, que sempre nos recepciona muito bem.

Fazia parte da tripulação eu e Renato Rojo, velejador e amigo. Renato havia participado a bordo do Jazz 4 de várias regatas em Santos e da Aratu-Maragojipe. Ele estava presente, também, três semanas atrás na tentativa de navegação à Santos quando tivemos de voltar devido à rachadura na mangueira do motor.

 Despedida - Centro Náutico de Cananéia.
 Canal de Cananéia.
 Canal de Cananéia - vista da cidade ao fundo.

A Barra de Cananéia estava com pouca ondulação. No trecho mais crítico, na boca da barra, onde é mais raso, chegou a formar grandes vergalhões em uma série de ondulações. No momento que passamos somente uma onda "empinou". Estava mais tranquila que da passagem há três semanas atrás.

O caminho entre Cananéia e Santos não possui qualquer abrigo ou apoio para veleiros. Por este motivo, optamos por utilizar o motor em uma rotação baixa (1.800 rpm) a fim de minimizar problemas.

O vento estava nordeste em cerca de 8 nós e foi aumentando durante a tarde. A ondulação vinha na mesma direção. Testamos navegar na direção ideal (nordeste) somente com motor, mas fazíamos somente 2,5 nós. Por isso optamos em velejar em orça apertada junto com motor, fazendo 4,5 nós.

Para o almoço fiz arroz com salada de atum (alface, agrião, legumes em conserva, milho em conserva, azeitonas, palmito, cebola e atum, regada no azeite).

 Navegação após a passagem pela Barra de Cananéia.

À noite, o vento e a ondulação nordeste aumentaram. Fomos obrigados a rizar a mestra no segundo rizo para diminuir o adernamento e garantir uma navegação segura caso o vento aumentasse ainda mais. A janta foi arroz, linguiça e salada (sobra do almoço).

A partir da meia noite implementamos os turnos. Fiquei até pouco mais das 2 da manhã. Depois Renato até o amanhecer. No meu turno a lua nasceu formosa, era lua cheia que iluminou todo o mar.

A partir da meia noite o vento começou a diminuir. Duas horas depois ficou bem fraco a ponto de permitir a navegação com motor no rumo ideal (nordeste) a 3,5 nós. De manhã, com o mar mais liso, o rendimento era de 3,8 nós. Ligamos o motor de popa junto e acrescentou 1 nó, fazendo 4,8  nós.

Durante a noite avistamos poucos pescadores, cerca de três embarcações somente.

 Nascer da lua cheia.

Pouco antes do meio dia o vento passou a soprar de sudeste. Abrimos a genoa novamente e, com vela e motor, fazíamos cerca de 5 nós. Nosso almoço foi arroz e bacalhau com batatas (pré-cozidos) acrescido de cebola, azeitonas e palmito, tudo regado ao azeite. Para as travessias, produtos pré-cozidos embalados a vácuo e sem necessidade de refrigeração, como o bacalhau com batatas, são uma excelente opção.

 Nascer do sol.
 Canto do Forte (Praia Grande).
 Baia de Santos - vista de São Vicente.
Baia de Santos - vista da Ponta da Praia (Santos).

Chegamos ao Clube Internacional de Regatas por volta das 4 horas da tarde. Foram 30 horas de navegação tranquila e com um único problema com o veleiro, o carrinho do traveller da mestra que trincou e começou a sair do trilho. Fixamos o carrinho com um cabo no centro do trilho, o que não afetou em nada o desempenho.