Estávamos ancorados na Praia de Quitinguara, na Ilha de Itacuruçá. Já era noite e estávamos quase dormindo. Tinha sido um dia cheio de atividades e prazeroso: navegação de Praia Grande a Itacuruçá, parada em Itacuruçá, navegação de Itacuruçá até a Praia de Quitinguara, churrasco, fogueira, ...
Mas nem tudo foi um mar de flores. Antes do churrasco havia ligado o motor para carregar um pouco as baterias e percebi que o motor estava esquentando e perdendo água de arrefecimento. Vi todas as mangueiras, recém trocadas, e não encontrei vazamento. Resolvi então, não usar mais o motor.
A previsão indicava vento norte/nordeste. Não conheço o regime de ventos daquela região, mas não esperava vento forte. Por volta das 11 da noite começou o perrengue: vento forte norte/nordeste com algumas rajadas acima dos 30 nós.
A comunicação VHF do canal da flotilha se intensificou. Devido à proximidade dos veleiros, muitos não puderam dar mais cabo. Outros tiveram dificuldade em mudar de posição pois a ancora estava em baixo de outro veleiro.
Conhecia bem meu conjunto de ancoragem, ele é muito firme. Estava com a âncora bruce nova, igual à que perdi em Picinguaba, com 5 metros de corrente 9 mm. Dei um pouco mais de cabo, mas não muito pois estava muito próximo ao pier e ao paredão do morro.
Alguns veleiros garraram, indo em direção a outros ancorados.
Mantinha o alarme de ancoragem do GPS (agora sempre no modo mapa!!). Não tinha muito o que fazer naquele momento a não ser monitorar. Fiquei por uma duas horas monitorando a situação e percebi que o vento persistiria durante toda a noite. Alguns veleiros decidiram, mesmo à noite, ir para outras praias mais abrigadas como Praia das Águas Lindas e Praia Grande. Outros levantaram âncora e jogaram mais para fora.
Como a posição onde estava ancorado era muito perigosa, o motor estava aquecendo e não conhecia muito bem a região decidi que a melhor alternativa seria levantar âncora e ir para um local mais para fora que, apesar de mais profundo, poderia dar bastante cabo. Além disso, teria tempo suficiente de contornar a situação em caso de algum problema na ancoragem: garar ou perder a manilha (é acontece!!).
Chamei a tripulação toda para ajudar, eu iria recolher a âncora (no Jazz 4 é manual), o Nicolas ficaria no comando (leme e motor) e o Kenzo replicaria as informações entre proa e popa (que na ventania era difícil de escutar). Regina ficaria monitorando o VHF. Esperei um intervalo entre as rajadas para fazer a operação.
Felizmente, a tripulação é nota dez. Nicolas, apesar de ser o menor, tem 12 anos, é o tripulante em que mais confio nestas situações críticas. Ancoramos bem para fora. Mantive o VHF ligado e o alarme de ancoragem do GPS ativo e fui dormir. Dia seguinte iríamos para um local mais abrigado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário