A noite foi tranquila. Estávamos na Praia Grande da Ilha de Itacuruçá com plano de partida para a Praia do Abraão as 9h30. Até a Praia do Abraão seriam 20 milhas. Três veleiros haviam partido mais cedo e retornaram, um deles com a mestra rasgada e outro com ar na mangueira de alimentação de diesel devido ao adernamento. Reportaram que algumas milhas a frente havia vento forte, de través, com rajadas acima de 30 nós. A decisão do comodoro foi adiar a partida. A minha preocupação era o vento não somente diminuir, como acabar, já que estava sem o motor principal.
Estava disposto a partir assim mesmo. Mas resolvi aguardar a comunicação do veleiro Kilimanjaro que estava partindo. Ele reportava fortes ventos logo após o abrigo da ilha, que ia aumentando com a distância, com algumas rajadas ainda na casa dos 30 nós, mas navegável.
Pouco antes das 11h00 resolvi partir, o veleiro VOE iria nos acompanhar. Parti somente com a genoa 3 (buja) aberta e enrolada pela metade, assim como o VOE. Aos poucos o vento foi aumentando. Por precaução, estávamos todos com arnês (cinto de segurança). Próximo aos navios o vento ficou muito forte, com ondas de aleta com frequência rápida, da ordem de 6 segundos. Eu fiquei no leme e Nicolas trimava a genoa. Nas rajadas adernávamos bastante e tinha que orçar. Em alguns momentos fazíamos 6 nós somente com parte da genoa aberta.
O veleiro VOE teve problemas pois estava com muita vela, teve que orçar e enrolar mais a genoa. Nisso, a proteção UV da genoa acabou rasgando.
O veleiro VOE teve problemas pois estava com muita vela, teve que orçar e enrolar mais a genoa. Nisso, a proteção UV da genoa acabou rasgando.
Durante a navegação, passava as informações sobre as condições de navegação, que pelos relatos anteriores haviam melhorado levemente. O Kilimanjaro, que estava cerca de 5 milhas à frente, ou 1 hora, informou que o vento havia diminuído e teve que abrir todas as velas. Por esse motivo, o Comodoro resolveu partir com a flotilha. Pouco depois, o Kilimanjaro reportou que havia ligado o motor pois o vento havia sumido.
Volnys no leme do Jazz 4.
Nicolas na genoa do Jazz 4.
Nicolas no leme enquanto favava ao VHF na cabine.
Veleiro VOE nos acompanhava.
Vídeo da velejada com vento forte entre a Praia Grande e Praia do Abraão.
A 5 milhas da Praia do Abraão o vento foi diminuindo, abrimos toda a genoa, depois levantamos a mestra ainda rizada, por fim, tiramos o rizo.
Depois, logo após o cruzamento do Canal de Sepetiba, não teve jeito, assim como aconteceu com o Kilimanjaro, o vento acabou de vez e tivemos que ligar o motor de popa. Faltavam cerca de 5 milhas para o a Praia do Abraão. Acompanhando a comunicação VHF dos veleiros da flotilha, que vinham cerca de uma hora e pouco atrás, ainda velejavam no vento forte. Havia uma canalização de vento naquela área. O veleiro Kilimanjaro já havia chegado no Abraão e o veleiro VOE ainda nos acompanhava. Eles até pescaram um lindo peixe.
O motor de popa funcionava muito bem, desenvolvendo cerca de 4 nós.
Velo peixe pescado pelo VOE durante a navegação.
Estava com uma preocupação: no dia seguinte havia a previsão de entrada de uma frente fria, o que seria um problema no percurso planejado entre a Praia do Abraão e a Praia da Tapera, tanto pelo vento contra quanto pela ondulação, que poderia fazer a popa do veleiro levantar e tirar d´água o hélice do motor de popa. Estava pensando em aproveitar o mar liso com ausência de vento e não parar no Abraão, indo direto para a Praia da Tapera. Mas a estimativa de chegada no Abraão era 15h30, o que deixava um tempo muito justo para a navegação até a Tapera.
(* Não utilizar para navegação.Use somente para visualização do percurso. ** O sistema GPS possui erros de dezenas de metros)
A navegação foi tranquila, no início desenvolvia cerca de 4,2 nós. Acompanhando a previsão do horário de chegada pelo Navionics aumentei um pouco a velocidade do motor de popa, fazendo 5 nós, para chegarmos ainda com a luz do dia. Chegamos ainda com luz do dia, o que facilitou achar uma poita livre.
Veleiro Bolero passando ao lado da plataforma sendo construída.
Nicolas sempre alegre, na chegada à Praia da Tapera.
(* Não utilizar para navegação.Use somente para visualização do percurso. ** O sistema GPS possui erros de dezenas de metros)
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