Mapa do trecho de navegação entre Cananéia e Antonina.
Seguimos o canal sentido sudoeste. Na bifurcação, encontro entre as Ilhas do Cardoso e Ilha do Superaguí, viramos à direita em sentido ao Ariri. O outro sentido leva à Barra do Ararapira, que é rasa e não permite a navegação de veleiros. Este trecho do canal até a Baía dos Pinheiros delimita a divisa entre o Estado de São Paulo e o Estado do Paraná.
Navegação rumo ao Vilarejo do Ariri, Ilha do Superagui à esquerda e continente à direita.
Nicolas preferiu ir no stand-up.
Vilarejo do Ariri ao fundo.
O trajeto de Marujá a Ariri foi de aproximadamente uma hora de navegação. Este trecho não possui dificuldades em relação ao calado.
VEJA TRACK DE NAVEGAÇÃO: De Marujá a Ariri.
(* Não utilizar para navegação.Use somente para visualização do percurso. ** O sistema GPS possui erros de dezenas de metros)
(* Não utilizar para navegação.Use somente para visualização do percurso. ** O sistema GPS possui erros de dezenas de metros)
O Vilarejo do Ariri é uma pequena vila de pescadores, sendo um bairro de Cananéia. Fica localizado no continente, às margens do rio que divide o Estado de São Paulo do Paraná. O acesso de carro ao vilarejo é realizado por uma longa estrada de terra. Por isso, o acesso preferencial é por barca a partir de Cananéia.
Vilarejo do Ariri.
Barco escolar utilizado para transporte na região.
Barco escolar utilizado para transporte na região.
Ancoramos no canal e fomos ao Restaurante Dona Maria apreciar algumas ostras em natura e gratinadas. Aproveitamos também para comprar garrafas de água, já que o consumo estava além do previsto devido ao intenso calor que fazia.
Nicolas vai de stand-up até o Restaurante Dona Maria.
Pier do Restaurante Dona Maria com o veleiro ancorado ao fundo.
A parada no Ariri foi estratégica para aguardar a maré alta, que seria as 13h30. Do Ariri até o ponto mais crítico de calado (entre o início do Canal do Varadouro e a foz do rio que despeja sedimentos) é de uma hora. Saímos adiantados em uma hora para evitar qualquer problema, já que não podíamos perder o horário da maré alta.
Logo na saída do Ariri passamos por algumas regiões muito rasas, mas não tivemos problemas.
Continuava fazendo muito calor e os meninos sempre encontravam alguma forma de brincar e se refrescar. O stand-up rebocado e a isca de tubarão (cabo lançado na popa do veleiro) foram as diversões no percurso.
Meninos brincando no stand-up.
Meninos brincando com a isca de tubarão.
A partir deste ponto começamos a receber a visita de algumas das mutucas. Eram de dois tipos, a pequena, em maior número picava, e a maior, predadora das menores que as espantava. Segundo Jânio, o período de mutucas é do início de novembro ao final de dezembro, sendo os dias de novembro de lua cheia os mais críticos.
Avistamos no percurso poucas embarcações. As que foram vistas estavam paradas com pescadores turistas. A pesca é uma das grandes atrações turísticas da região.
Barca com pescadores.
Como previsto, chegamos com uma hora de antecedência no início do Canal do Varadouro, um canal artificial construído pelo homem e
inaugurado em 1952 para permitir navegação entre a região de Cananéia e o
complexo da Baía dos Pinheiros, Baía das Laranjeiras e Baía de Paranaguá. Isso
permitiu estabelecer uma hidrovia com navegação interior, em águas abrigadas. Possui cerca 6 Km de comprimento, 30 metros de largura e, originalmente,
tinha 6 metros de profundidade. Hoje está assoreado. No trecho mais crítico,
de cerca de 1800 metros, existe um rio que despeja sedimentos (areia) impedindo
a navegação de veleiros com calado maior mesmo na maré alta.
O Canal do Varadouro delimita a
divisa entre os estados de São Paulo e Paraná e, sua construção, deu origem à
Ilha de Superagui.
Trecho de aproximadamente 1800 metros com restrições de calado para navegação.
Diminuímos a velocidade para avançar neste trecho crítico. Porém, logo no início encalhamos. Com o bote achamos o lado mais profundo para sair. Porém, não foi fácil desencalhar. Inicialmente ficamos todos de um lado para adernar o veleiro. Ele andou um pouco, mas não o suficiente. Fomos, então, para o plano B, colocar peso na retranca e abri-la utilizando dois galões de combustível como peso. Amarramos um cabo da ponta da retranca à proa para controlar sua abertura. Também amarramos a adriça da genoa à ponta da retranca, para não sobrecarregar o amantilho. Finalmente adernamos o suficiente para desencalhar.
Fiquei preocupado em relação ao calado, pois o pior ainda estava por vir. Optei por retornar ao início do canal, cerca de 150 m, e fazer uma avaliação de todo o trecho crítico com o bote.
TRACK DE NAVEGAÇÃO: De Ariri ao Ponto Crítico do Canal do Varadouro.
(* Não utilizar para navegação.Use somente para visualização do percurso. ** O sistema GPS possui erros de dezenas de metros)
(* Não utilizar para navegação.Use somente para visualização do percurso. ** O sistema GPS possui erros de dezenas de metros)
Fomos eu e o Jânio. Utilizamos o crock para ver a profundidade. Durante a ida, a profundidade era muito crítica, mas a maré ainda subia com muita velocidade. Quando chegamos ao ponto mais crítico, cerca de mil metros a frente, vimos que passava.
Galões pendurados na ponta da retranca.
Nicolas brincando com as adriças.
Retornamos rapidamente ao veleiro e retomamos a navegação para aproveitar a janela da maré alta. Jânio foi de bote na frente, fazendo as medições de profundidade com o crock. Percorremos assim até um pouco além do trecho crítico.
Este é o ponto mais isolado em relação à presença humana e embarcações, uma região muito preservada. Era possível observar de perto a beleza da vegetação das marges do canal.
Jazz 4 navegando pelo Canal do Varadouro.
Havia ainda um longo trecho, cerca de 15 milhas, a ser percorrido até Barbados: Canal do Varadouro, outros canais da sequencia e Baia dos Pinheiros.
Apesar da Baia dos Pinheiros parecer ampla, ela é cheia de armadilhas como bancos de areia e pedras, existe até uma embarcação naufragadas. O canal de navegação para veleiros na baía é restrito e precisa ser percorrido com cuidado.
Ilhotas e bancos de areia na Baia dos Pinheiros.
Passamos ao lado da Ilha do Pinheiro e Ilha do Pinheirinho, que abrigam cerca de 5 mil exemplares do papagaio de cara roxa, também conhecido como chauá, que está ameaçado de extinção. Os papagaios adultos sempre são vistos aos pares (casais).
Chegamos em Barbados por volta das cinco da tarde. A aproximação para ancoragem em Barbados deve ser feita com cuidado através de um canal raso, aproximando pela ponta do morro e deixando a pedra em frente ao vilarejo por boreste. Ancoramos em frente ao vilarejo.
TRACK DE NAVEGAÇÃO: Do Canal do Varadouro a Barbados.
(* Não utilizar para navegação.Use somente para visualização do percurso. ** O sistema GPS possui erros de dezenas de metros)
(* Não utilizar para navegação.Use somente para visualização do percurso. ** O sistema GPS possui erros de dezenas de metros)
Vista de longe do Vilarejo de Barbados.
Vilarejo de Barbados.
Pier do Vilarejo de Barbados.
Barbados é um pequeno vilarejo localizado na face leste da
Ilha do Superagui que conta com algumas dezenas de famílias. No passado,
plantavam arroz, milho e mandioca. Hoje, com o estabelecimento do Parque, não
podem mais plantar. Também não podem mais construir canoas e remos extraídos de
madeiras da região. Atualmente, a comunidade vive essencialmente da pesca
artesanal (peixes e camarão), catação (caranguejo, ostras e mariscos) e, mais recentemente, criação de ostras. Não existe energia elétrica na Ilha, mas recentemente foram instalados painéis solares nos vilarejos da Ilha. O turismo é ainda muito incipiente: o vilarejo conta com dois restaurantes muito simples e uma casinha para hospedagem de turistas.
Reservamos vagas nesta casinha, que ficara recentemente pronta (Contato: Rosália, tel 41 9208-9495). Quando visitamos o vilarejo por lancha em agosto passado ela ainda estava em construção. São dois quartos, um banheiro e uma pequena sala. O banheiro contava com aquecedor a gás, que desligamos devido ao forte calor que fazia naqueles dias. Oferecia também roupas de cama e toalhas. Aproveitamos para tomar um bom banho de chuveiro.
Pousada do Vilarejo de Barbados.
Em Barbados, já não existia mutuca, somente mosquitos que adoravam picar nossos tornozelos, nada que um bom repelente não desse jeito.
Jantamos no Restaurante Natura, de Antônio Lopes. A família de Antônio Lopes plantava no passado arroz, milho e mandioca. Em uma área do restaurante existe um mini museu com as peças utilizadas no passado para o processamento da mandioca.
Jantamos no Restaurante Natura, de Antônio Lopes. A família de Antônio Lopes plantava no passado arroz, milho e mandioca. Em uma área do restaurante existe um mini museu com as peças utilizadas no passado para o processamento da mandioca.
Restaurante Natura.
Antônio Lopes, sua esposa e Jânio Preto.
Antônio Lopes, sua esposa e Jânio Preto.
O cardápio do restaurante é baseado essencialmente em peixes e frutos do mar. No jantar, nos serviram peixe, pirão, ostras, camarão, arroz, feijão, batata frita e salada. Uma delícia! A batata frita é um pouco diferente, eles passam na farinha de trigo, fica uma delícia.
Jantar no restaurante Natura.
Que beleza essa região hein?! Obrigado por compartilhar do relato. Abraço desde a Babitonga.
ResponderExcluirOlá Família Bernal,
ResponderExcluirQue lindo passeio vocês fizeram, adorei rever as lindas paisagens deste lugar escondido entre duas grandes metrópoles.
Parabens pela iniciativa e pelo relato. Continuarei seguindo o blog para ver os outros relatos.
Abraços
Paulo Ribeiro
Bepaluhê