Fui convidado pelo comandante Ricardo, do veleiro Amar Sem Fim, a acompanha-lo de Florianópolis (SC) a Rio Grande (RS).
A flotilha do Crucero de la Amistad ficou na Subsede Oceânica do Iate Clube de Santa Catarina (ICSC) por mais de uma semana a espera de uma janela de tempo com condições favoráveis para a descida até Rio Grande. Afinal, são 368 milhas náuticas, aproximadamente 3 dias de navegação sem opções de parada. Mas, não é nada mal ficar mais de uma semana ancorado na Praia do Jurerê.
O veleiro Amar Sem Fim e o veleiro Mohabon foram os únicos veleiros brasileiros a se juntar à flotilha do Crucero de la Amistad rumo a Buenos Aires. A flotilha do Crucero de la Amistad, com a presença dos dois veleiros brasileiros, era composta por 10 embarcações, relacionadas na tabela a seguir.
Veleiro
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Modelo
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Tamanho
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Comandante
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Fiaca
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Roy 26
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26
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Osvaldo F. Contino
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Fragata la Argentina
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One off 50 pies
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50
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Horacio Ferlise
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Fugitivo II
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Víctory 34
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34
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Osvaldo Casa
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Gipsy Wind
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Sol 105
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34
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Carlos Salvochea
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Golondrina de Mar
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Bora Bora 42
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42
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Cesar Ingratta
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Placidez II
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Plenamar 27
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27
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Juan Carlos Valeika
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Superbebe HL
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Plenamar 360
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36
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Horacio Insúa
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Tregua
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Pandora 32
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32
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Carlos Enrique Bazzini
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Mohabon
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Beneteau 47
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47
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Stephan Harabedian
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Amar Sem Fim
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Morgan 46
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46
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Ricardo Yoshima
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Subsede Oceânica do Iate Clube de Santa Catarina (ICSC) - "Veleiros da Ilha".
Flotilha do Crucero de la Amistad ancorado na Subsede Oceânica do ICSC.
Veleiro Amar Sem Fim abastecendo de água no pier da Subsede Oceânica do ICSC.
Ricardo (Amar Sem Fim) e Stephan (Mohabon) recebendo instruções do Comodoro do Crucero de la Amistad, Carlos (Gipsy Wind)
Flotilha do Crucero de la Amistad ancorado na Subsede Oceânica do ICSC.
Por do sol na Praia do Jurerê.
SÁBADO DE PÁSCOA: Saímos de Floripa às nove da manhã do sábado de Páscoa. Desde a saída até o início da tarde havia uma chuva fina intermitente. A ondulação vinha de través o que também incomodava. Estávamos a todo pano (genoa, mestra e mezena) mais motor.
Após o meio da tarde o vento aumentou e firmou, o que permitiu que desligássemos o motor. O vento vinha de través. A partir deste momento não choveu mais. Ao final da tarde rizamos a mestra e pusemos o pau na genoa, pois o vento já estava muito de aleta.
À noite, as estrelas surgiram de forma esplêndida e logo em seguida foi a vez da lua cheia nascer no horizonte. A ondulação havia baixado. Neste momento, fazíamos entre 6 e 7 nós somente à vela. Uma bela velejada! O vento foi aumentando e, consequentemente, a velocidade do veleiro, porém tínhamos que acompanhar a flotilha. Baixamos primeiro a mestra e fizemos asa de pomba com a mezena, pois o vento vinha de popa. Depois baixamos a mezena. Como estávamos ainda com velocidade acima da flotilha, enrolamos também a genoa. Mesmo assim, fazíamos uma média de 6,5 nós só com a genoa enrolada.
DOMINGO DE PÁSCOA: No início da manhã do domingo de Páscoa, após Laguna, o vento diminuiu. Desenrolamos a genoa e passamos o pau da genoa para bombordo. Fazíamos uma média de 4,2 nós. Na chamada geral das nove horas da manhã fomos avisados que o Amar Sem Fim e o Mohabon estavam cerca de cinco milhas à frente da flotilha e que devíamos ir bem de vagar para aguardar o restante da flotilha. Mantivemos a genoa, sem motor, fazendo uma média de 3,5 nós. O mar estava bem calmo e o céu limpo.
Ao final da tarde o restante da flotilha nos alcançou e fomos juntos, motorando com a mestra e a mezena levantadas para minimizar o balanço, numa média de 5,5 nós.
Ao anoitecer percebemos que a umidade do ar condensava em contato com a mestra. Era um prenúncio do que vinha pela frente. O céu estava estrelado e a lua logo surgiu. Por volta das dez horas da noite começou um forte nevoeiro. Por precaução, todos da flotilha mantiveram a mesma média de velocidade. Pelo radar do Amar Sem Fim estávamos à frente cerca de 1,5 Mn do Gipsy Wind e atrás certa de 1,5 Mn do Fugitivo II e Placidez. O nevoeiro durou até as quatro da manhã.
SEGUNDA FEIRA: O dia, como previsto pela neblina, amanheceu ensolarado e o mar continuava muito calmo. O vento era pouco e continuamos a motor. Depois o céu nublou e o vento aumentou um pouco, em uma orça folgada que não levava o veleiro a mais que 5 nós. Por isso íamos a vela e motor, fazendo uma média de 6 nós.
Chegamos pouco depois das onze da noite nas boias barra do canal. Meia hora depois estávamos no local de fundeio combinado com a flotilha: dentro da entrada do canal. Já era meia noite. Lá já estava o veleiro Mohabon e o veleiro Fujitivo II. O restante da flotilha chegou ao decorrer da madrugada, exceto a Fragata La Argentina, que chegaria somente no dia seguinte, pois seu motor estava com pouco rendimento. No momento da ancoragem, havia 20 nós de vento leste que durou a noite toda.
O percurso de Florianópolis à entrada do canal do Rio Grande durou 63 horas. Foi uma velejada tranquila, sem incidentes, tendo sol, chuva, neblina, vento (nunca acima dos 25 nós), calmaria, ondulação e mar calmo.
Flotilha saindo de Florianópolis.
Veleiros da flotilha vistos no horizonte.
Velejada com direito a arco-íris ...
... e com lindo por do sol.
Veleiro Placidez ancorado na entrada do canal junto com a flotilha.
No dia seguinte, saímos as 10h30 em direção ao Rio Grande Yatch Club (RGYC). Para isso, era necessário percorrer um longo canal, onde se encontra o Porto do Rio Grande. Havia uma forte correnteza contra que nos fez levar cerca de três horas para percorrer dez milhas.
Percurso percorrido pelos veleiros no canal.
Flotilha navegando pelo canal rumo ao RGYC.
Flotilha navegando pelo canal rumo ao RGYC.
Flotilha navegando pelo canal rumo ao RGYC.
Cidade de Rio Grande vista pelo canal.
Cidade de Rio Grande vista pelo canal.
Chegada ao RGYC.
Chegada ao RGYC.
Na chegada, a equipe de apoio do RGYC nos informou o local de atracar no pier. Todos os veleiros ficaram atracados no pier. As instalações do Rio Grande Yatch Club (RGYC) são amplas e confortáveis.
Veleiro Amar Sem Fim atracado junto ao pier do RGYC.
Veleiro Amar Sem Fim atracado junto ao pier do RGYC.
Rio Grande Yatch Club (RGYC).
Rio Grande Yatch Club (RGYC).
Infelizmente, devido a compromissos profissionais, tive que sair imediatamente para pegar o ônibus para Porto Alegre, que já havia feito reserva antes da saída de Florianópolis. Foram 5 horas de ônibus até Porto Alegre e depois o voo para São Paulo.
Volney, obrigado pelo seu relato. Sou irmão do Ricardo e segui com eles de Ilhabela a Cananéia no Amar Sem Fim na CCS2013. Seu blog foi como "continuar a viagem" com eles. Abraços!
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